terça-feira, 18 de setembro de 2012

Um Adeus Não Tão Trágico

A cidade é a maior hipérbole do homem. E talvez fosse isso tudo o que pairava na cabeça dela enquanto caminhava por aquela vasta avenida. Avenida vazia assim como as esquinas da sua mente. Os semáforos acessos davam um ar de Natal, mar de verde, vermelho, amarelo... Era meio trágico. As luzes brilhavam tristes na pele pálida dos seus braços, como se não tivessem nenhum motivo para estarem ali. A fumaça do cigarro se misturava com os sentimentos que evaporavam através de seus olhos. O cheiro de cimento se apoderava das suas células que vibravam a cada passo naquele caminho vazio. Era noite, e na cidade noite pode ser sinônimo de silêncio. O silêncio abria espaço pros pensamentos e com eles vinham as vozes, as imagens, o vento. Num ritmo de multi-descoordenação o mundo ia ficando para trás... E estava tudo bem. Era ela subindo para aquele lugar onde as estrelas jamais serão ofuscadas por nada. Era ela e a imaginação dela, apenas. Aos pouco o ar concentrou-se no contorno de seu corpo, afinal só existia ela e mais nada. Mochila nas costas que já não pesava, sapatos que já não encostavam no chão. Ela fez sinal, o ônibus parou. Agora ninguém ia conseguir pará-la. Era a hora dela. Hora dela sair dali de fininho, por que mais nada importava. Mas a verdade é simples: não adianta ter lugar para sentar quando se está no ônibus errado.

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