Quem trouxe a fome
Que corrói a pele e carcome
Os insaciáveis lábios?
Quem espalhou a solidão
Tão só quanto a dor
Que leva almas inocentes?
Quem decidiu que os vermes são as células
de uns e não de outros?
Quem definiu que o capital
Vale mais ou tanto
Quanto o corpo?
Quem disse que se pode explorar
Por causas injustas
E lucrar em cima de sangue?
Quem criou o ódio se não o próprio homem?
Somos poucos os que restam
Que usam lentes para ver a realidade,
Que não escondem os sentimentos e que não
aceitam a eloquente desonestidade.
Somos poucos, restam poucos
Que enxergam o sangue dos bancos, das
bombas e dos canais do mundo
Que nada mais são do que a dor que
transpassa a vida recheada de vagabundos.
Somos poucos, restam nada
Que estamos moribundos
Que somos as verdadeiras estrelas do
planetário do mundo
Que se torna uma cúpula de plantas contendo
carnívoros.
Assim surge o canibalismo:
A única razão da humanidade.
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