segunda-feira, 30 de julho de 2012

Trans




"elemento de formação de palavras que exprime a ideia de além de, para além de
                                              Infopedia - dicionário de Língua Portuguesa "



Durante toda a nossa vida a gente costuma ouvir algumas coisas de maneira repetitiva: "No fim tudo vai dar certo", "Na hora você simplesmente vai saber", "Relaxa que vai ficar tudo bem", "No futuro você vai ver que as coisas não foram tão graves quanto você achou na época em que as vivia" e assim por diante. Mas eu acredito que nada disso serve, pelo menos nunca serviu para mim. De que me adianta saber que tudo vai ficar bem se eu não to bem agora? E de que adianta saber que no futuro eu vou olhar para tudo isso de forma diferente? Eu to vivendo AGORA.
A questão é essa, eu to vivendo agora. E tenho o direito de sofrer, de rir e de chorar de emoção e de sentir saudades. Tenho o direito de amar e querer ser amada, e tenho o direito de querer sair abraçando meus amigos quando estou triste e confusa. A gente tem que transviver. Um verbo que particularmente eu pretendo passar a utilizar bastante. Quer dizer viver além de, através de, para trás de. Ouvir o batimento do coração e transformá-lo num beijo ou abraço ou numa atitude um quanto imprudente. Por que vida a gente só tem uma, pelo menos da qual a gente lembra. 
E o amor? O amor é quase sinônimo de transviver. É você se sentir imbatível só de estar com alguém especial, ou com amigos ou até com sua família (seja numa festa ou num jantar de domingo). É você saber que o que acontece na sua cabecinha que te faz sofrer pode acabar num piscar de olhos, basta amar. É ir além de frases piegas e clichés ridículos por que você sabe que no final o que vale de verdade é o tum-tum acelerado dentro do seu peito, debaixo da carne e ossos. 
Viver sem medo é impossível, mas a gente tem que tentar ultrapassá-lo. A gente não pode deixar ele amarrar a gente a um sentimento recalcado, ou a um arrependimento, ou até a um tempo que não vai voltar. A vida é curta demais para gente se travar com o medo. A gente tem que se arriscar e tem que ser jovem mesmo sendo velho. A gente tem que ter tempo para gente e para todo mundo que a gente ama. A gente tem que viver o AGORA. O futuro ninguém sabe. A vida é curta demais para a gente se dar o direito de ser infeliz. Não to falando de ESTAR infeliz, mas sim de assumir uma identidade de infelicidade. Isso só vale a pena se a gente não ama ninguém ou alguma coisa.
Os tempos da infância eram sim mais simples, os cadernos eram para desenhos de cavalos verdes e os amores não passavam de briguinhas que duravam 3 minutos. Mas e quando a gente amadurece? Será que é de todo ruim? É ruim por que na hora do aperto a gente só pensa no lado ruim de ser mais velho. A gente esquece que também tem lado bom: tem a experiência, tem os amigos que a gente fica cada vez mais próximo, tem as paixões, as viagens, as palavras e muito mais. Agora a gente tem novas ferramentas, tem como transformar o amor em sexo, tem como confiar e dar confiança, tem como se arriscar em novas aventuras (muitas vezes proíbidas), tem como recomeçar e saber (ou não) o que a gente tá fazendo.
A gente tem que aprender a ir além do que nos permeia, ir além do costume e da rotina. A gente tem que transviver, tem que renovar e tem que ser. Nunca deixar de ser quem a gente é: um combo de coisas boas e detestáveis. Nunca deixar de amar, seja a nós mesmos ou a qualquer outra coisa. Afinal, de que vale a vida sem amores?

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