segunda-feira, 8 de abril de 2013

Liquidação

Venham longo, cheguem rápido! Vendem-se dores das mais profundas! Leve uma dor e ganhe uma decepção junto! Vale tudo, menos comprar as dores dos outros...!

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Ato Final?

 Quem escreve é uma pessoa e por isso não é com perfeição que o contorno das letras se transformam em palavras. Não são apenas letras ordenadas, são sentimentos desordenados que assumem cor e forma em textos, poemas, desabafos. E é com pesar que eu escrevo isso, por que os sentimentos que transbordam dos meus olhos e  da minha garganta rouca de tanto chorar são os mais tristes. Eles estão decepcionados, como se tivessem defenestrando todas as memórias e momentos que ficaram estocados na mente, por que foram todos em vão. Foram em vão por que talvez não tenham sido por um motivo que valesse tanto amor, tempo e confiança. Acho que eu já errei muito na minha vida e esse erro não foi nem perto dos outros que já cometi. Aliás, nem sei mais se foi um erro. O tempo tem me convencido do contrário, de que essa situação apenas despertou em mim algo que já estava hibernando num neurônio insatisfeito. E acredito com objetividade de que o que penso sobre isso é realmente real, certo, verdadeiro. Eu já magoei quem amo em dimensões inimagináveis. Mas fui perdoada. E o perdão não foi especial por que fez tudo voltar ao normal, por que fez aparecer de novo no meu celular uma mensagem com determinado nome ou por que me fez sentir melhor com minhas ações. O perdão foi especial por que confirmou que todo o pesar que eu sentia, tudo o que aguentei vindo daquela pessoa e tudo o que eu doei para a relação não foi em vão. O perdão tornou tudo mais real e concreto. As relações mudam após uma mancada. Mas nem toda mudança é negativa, pois quando se trata de pessoas maduras, aprende-se a enxergar nas mudanças um espaço para novas experiências. A minha dor é real e ela está aqui, afinal, você foi importante para minha vida e ainda poderá ser. Só que o assustador é que você deveria ter sido a pessoa que me entende, que me perdoa REALMENTE, e que não faz isso pelo status. Você deveria ser a pessoa dadivosa que achei que fosse, deveria tirar o ego do chapéu e ser alguém menos egocêntrico. Eu acho que isso não prova nada pra mim além do fato de que fiz minha parte. E que talvez se existe falta de esforço da minha parte, se existe algum traço de descaso nas nossas conversas ou uma pitada de não-arrependimento, é por que dessa vez as desculpas deveriam sair em direção  oposta. Deveriam ser pronunciadas devagar desde os seus lábios até os meus ouvidos. Pela primeira vez na minha vida eu não me sinto culpada por nada que fiz ou pelo que deixei de fazer. Eu faço a diferença para algumas pessoas, essas que me amam, que fizeram o que prometeram, que realmente riram comigo e sofreram também. Pessoas que me perdoaram e souberam pedir perdão.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Pretensoema



É o excesso de cimento que entorpece os sentidos.
Os olhos agora cinzas
As mãos ásperas,
As narinas tapadas,
As papilas feridas.

É a lágrima que entorpece os sentidos
É o ponto de fusão entre tristeza e alegria,
Escondidos atrás de luzes encharcadas de pólvora
Que arde e penetra nas amarras dos pulmões.

É a pretensão e heroísmo
Que cega a humanidade
Que diz salvemo-nos
Enquanto a mão sulfatada apunhala o peito da sociedade.

Reivindiquem a ação e controlem as palavras
Abram-se para mudanças e não tentem mudar o mundo
Mudem a vocês mesmos.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Timeless

Talvez minha alma
Careça de espaço para as rimas
que um dia, tão doces,
Beijaram-me a face
quase num sereno desembarque
no cais do coração.

Talvez as memórias,
guias para o duro açoite,
Sejam velas
Impiedosas, incandescentes,
indecentes e temerosas
que ateiam sem piedade a chama que me foge ao lábios
num Calor profundo e reto que começa no peito
e acaba no tempo.
Mas tempo não acaba.



quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Uma pitada de erotismo

Se abrissem seu vestido pulariam do tecido, enormes, circulares, enormes e infalíveis:  dores que residem em seu coração.

Sonhei com você esta noite

Sonhei com você essa noite... Sonhei que te escrevia um bilhete sobre um sonho que tive há alguns dias atrás. E é esse bilhete que escrevo agora aqui, expondo meu coração em palavras, que doem, mas têm contorno sincero. No meu sonho eu te abraçava. Era um abraço puro, quase virgem, o qual não tinha tempo: não era curto nem longo. Com o abraço eram ditas as coisas que guardei/guardo comigo por que não tive coragem de te dizer. E eu não precisava mover a boca, nem os braços, nem pensar em nada. Eu sabia que você já tinha entendido tudo, por que com a gente sempre funcionou assim. Eu não dizia que errei, pois não me sinto assim. E você não exigia que eu me sentisse, me embalava numa aceitação que beirava o inimaginável. No silêncio subtendiam-se as raivas, as tristezas e dores que carrego hoje no peito, que sem jeito arde nas chamas do passado. O momento era aquele e mais nenhum, era a hora de chorar as saudades e de sonhar com uma coisa que não mais existia. Mas que podia voltar a existir ali. E a questão era justamente a dúvida se valeria a pena recomeçar. Recomeços doem, exigem e muitas vezes nos alimentam com comida envenenada. Eu enterrava meu rosto nos pensamentos e ao mesmo tempo nada pensava. O abraço virava quase um mergulho rumo ao vazio, que sem dó atropelava a esperança jogando a felicidade pelo ralo. Aos ouvidos não chegavam ruídos além do silêncio mútuo que atentamente escutávamos. De olhos fechados e corações abertos, enxergávamos tudo o que nos permeava. Nada era mais belo que aquele momento. E ao mesmo tempo, nada era tão horripilante quanto. Não existia vontade de separação, pois como uma passagem para o mundo real, seríamos obrigadas a enfrentar a verdade que com tanto pesar rodopiava pelas nossas vidas. E então, duas lágrimas escapavam dos meus olhos. Nos separávamos.

— Já entendi - você dizia.

E aí eu acordei.