terça-feira, 18 de setembro de 2012

Um Adeus Não Tão Trágico

A cidade é a maior hipérbole do homem. E talvez fosse isso tudo o que pairava na cabeça dela enquanto caminhava por aquela vasta avenida. Avenida vazia assim como as esquinas da sua mente. Os semáforos acessos davam um ar de Natal, mar de verde, vermelho, amarelo... Era meio trágico. As luzes brilhavam tristes na pele pálida dos seus braços, como se não tivessem nenhum motivo para estarem ali. A fumaça do cigarro se misturava com os sentimentos que evaporavam através de seus olhos. O cheiro de cimento se apoderava das suas células que vibravam a cada passo naquele caminho vazio. Era noite, e na cidade noite pode ser sinônimo de silêncio. O silêncio abria espaço pros pensamentos e com eles vinham as vozes, as imagens, o vento. Num ritmo de multi-descoordenação o mundo ia ficando para trás... E estava tudo bem. Era ela subindo para aquele lugar onde as estrelas jamais serão ofuscadas por nada. Era ela e a imaginação dela, apenas. Aos pouco o ar concentrou-se no contorno de seu corpo, afinal só existia ela e mais nada. Mochila nas costas que já não pesava, sapatos que já não encostavam no chão. Ela fez sinal, o ônibus parou. Agora ninguém ia conseguir pará-la. Era a hora dela. Hora dela sair dali de fininho, por que mais nada importava. Mas a verdade é simples: não adianta ter lugar para sentar quando se está no ônibus errado.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Dramaticismo

A névoa de estresse
se condensa nos meus olhos enquanto
o grito de dor dilacera o meu peito
e repousa nas minhas têmporas.

O arco do olhos
aberto no tempo dos batimentos
e a mente que procura no arquivo da vida
a única coisa que substitui lágrimas
por dentes e sorriso:
sua imagem.







domingo, 2 de setembro de 2012

Predador

(Nervosismo se apodera do meu corpo. Suor escorrendo pela pele já umida, gota por gota. Coração palpita forte, quase que perceptível através da blusa. Passo acelerado, baque-baque do sapato na Pedra Portuguesa. Olhar periférico: ele continua lá, merda. Duas lágrimas caem dos olhos. Não. Não adianta chorar, mostre-se forte. Mordo os lábios prendendo o grito. A bolsa, o celular, a ligação. Mais rápido. Menos rápido, não pode correr. Viro a esquina. Olhar para a traseira: ele está ainda mais perto. E agora? Não desista, ainda pode dar certo. Cubra o pescoço, o cheiro pode atiçar alguma lembrança. Respire pelo nariz, não fique ofegante. Vamos!) Engulo o copo de uísque inteiro. De jeito nenhum vou permitir que o passado chegue até mim de novo.

Você

O meu tempo
é o mesmo que o teu, meu amor
Pois quando estamos juntos o mundo não nos acompanha
Tudo se esfuma,
Parecendo-se a teu rosto e nossas lembranças.

Sempre foi sobre você:
teus braços, pescoço e teus olhos
que antes de percorrerem meu coração
Percorreram meu pensamento...
e teu cheiro, ai, seu cheiro
entorpece meus sentidos
trazendo-me de volta para casa.

E se a escuridão se impor sobre nós
quero sentir teu corpo no meu
tua dor na minha
tuas lágrimas lavando-me os olhos cegos
e teu abraço afogando-me
para dentro de um rio
só nosso.

O destino está sujeito
às tuas palavras,
a teu semblante banhado numa áurea
o mesmo que reservou-me um caminho
sinuoso, porém direto
que me conduz para o que realmente importa:
você.
Ou felicidade, como prefirir.